Atropelamentos

O crescente número de carros, especialmente nas grandes cidades, deixa-nos claro os problemas que tal situação gera: falta de mobilidade, poluição, violência no trânsito, stress, e a lista segue. Em cidades menores, onde o número de veículos ainda não gera os problemas enfrentados nas metrópoles, talvez não ocorra essa percepção. Isso é algo muito normal, afinal, é natural do ser humano começar a se preocupar com problemas quando eles o afetam diretamente. Nas estradas, tirando os enormes congestionamentos dos feriados,  as mortes em “acidentes”, que matam mais que uma guerra, são o maior problema a ser enfrentado.

Um tipo específico de acidente, que não gera estatísticas mas que preocupa, são os atropelamentos de animais silvestres. E uma estrada que choca ver a quantidade de corpos é a PR-340, no trecho entre Castro e Tibagi. Acesso para o Parque Estadual do Guartelá, 6º maior canyon do mundo em extensão, essa região ainda guarda uma quantidade significante de animais nos ambientes nativos rodeados por campos agrícolas, pastos e extensos plantios de Pinus e Eucalipto. Nos pouco mais de 60 km que separam essas duas cidades, avistar animais como quatis, cachorros-do-mato, gambás, preás, além de carcaças irreconhecíveis é muito frequente. Quanto maior o animal, mais chocante é vê-lo esticado no asfalto. Até mesmo um macaco bugio, animal que não costuma descer das árvores, já foi vítima de atropelamento nesse trecho.

 

Bugio, um dos maiores primatas do Brasil, espécie ameaçada de extinção

Um dos casos mais polêmicos de atropelamento de animais silvestre ocorreu no interior do Parque Nacional do Iguaçu, em 2009. Na madrugada do dia 28 de Fevereiro, uma onça-pintada, animal símbolo dessa unidade de conservação, foi morta na BR – 469, estrada que corta o parque e dá acesso as Cataratas do Iguaçu. Até hoje nada foi esclarecido sobre esse crime.

 

Animal símbolo do PN do Iguaçu, extima-se que não existam mais de 10 indivíduos

Em algumas unidades de conservação no mundo, o atropelamento de animais silvestres é uma preocupação real, a ponto de criarem passagens subterrâneas para evitar mortes. Mesmo com essas ações, animais silvestres e estradas jamais se conciliarão. Esperamos que a placa de animais silvestres gere mais prudência nos motoristas.

Flávio Krüger